segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cidade sem samba

Me impressiona que certas coisas ainda comovam. Veja o exemplo do incêndio na Cidade do Samba, que ocorre no momento em que escrevo estas linhas. Não estou aqui para julgar o sentimento das pessoas, mas por que uma família inteira morando numa calçada de rua não causa a mesma comoção? Por que doentes jogados nos corredores dos hospitais não machucam a alma? Sinceramente, não tenho a resposta, só uma opinião fraca de que vivemos num conto de fadas e não queremos sair dele.
Fui dar uma passeada pelo Facebook quando fiquei sabendo do que estava acontecendo nos barracões das escolas. Por lá, havia um movimento catártico, de pessoas dizendo que é muito triste ver as alegorias pegando fogo. Enfim, comove, mexe com a alma das pessoas algo que é meio que intangível: o desfile de uma escola de samba
Me solidarizo de verdade com aquele morador da comunidade cuja uma das alegrias é desfilar com as cores da sua escola. E também com o cara que trabalha o ano inteiro para confeccionar uma fantasia, uma alegoria. Mas não entendo o classe média, seja, alta, média, baixa ou remediada se entristecendo com algo que ele só faz parte marginalmente. Acho que podemos nos comover mais com o mundo real.

Um comentário:

  1. Tudo me comove... A violência de assaltos que tiram inesperadamente o pai de uma família, uma criança na rua fazendo malabares pra ganhar um troco e dar a seu explorador, desastres naturais que devastam famílias e cidades inteiras, gente morrendo literalmente de fome por toda parte do mundo, uma doença dolorosa e prolongada, sonhos destruídos como o das escolas de samba incendiadas ou até o choro do meu filho de dor quando dá uma topada no pé da cama. Um sofrimento não minimiza o outro. Somos humanos e cada sofrimento, cada dor, nos comove de alguma maneira. Pelo menos, a mim.

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