sábado, 19 de junho de 2010

O espírito do futebol


Copa do Mundo é mesmo impressionante. Estou na minha nona Copa do Mundo e a cada edição consigo me surpreender. Nesta edição, a imagem que me arrepiou foi no jogo EUA x Eslovênia. Um jogo que, se alguém me falasse há 10 anos que aconteceria, eu não teria o menor intresse.
No jogo, a Eslovênia fez 2 a 0, se não me engano, ainda no primeiro tempo. Jogo perdido, pensaria um desavisado. Mas os EUA jogavam bem. Aliás, aqui faço um parêntese. Impressionante a evolução do futebol norte-americano de 1994 para cá. Naquele ano, eles mal sabiam o que era Copa do Mundo. Foram eliminados por nós em um jogo pra lá de dramático e de lá pra cá só evoluíram. Estiveram em todas as copas desde então e não fizeram feio.
Hoje, 16 anos depois, eles jogam um futebol de gente grande. Chegaram às quartas-de finais em 2002. Chegaram à final conosco na Copa das Confederações no ano passado. Endureceram no primeiro tempo e por pouco não nos ganham. São competitivos e merecem ir pelo menos às quartas de finais desta copa, visto o nível técnico geral dos demais times.
Fecha parênteses. Naquele jogo, contra a Eslovênia, os americanos foram guerreiros e empataram o jogo no segundo tempo. Na comemoração do gol de empate, a câmera corta para dois torcedores. Um deles chora copiosamente abraçado ao amigo. Como é bom isso. Só quem sabe é quem foi ao estádio e viu seu time reagir diante de derrota iminente.
Me tirou do sério ver que pelo menos aqueles dois americanos ali entenderam qual é o espírito do futebol. É o esporte onde o mais fraco pode se superar e vencer. É o esporte mais caótico que existe. É o esporte onde tudo, tudo mesmo é possível. Me emocionei de verdade.
Uma pena que o juiz anulou mal o teceiro gol, o que seria da virada americana em cima dos eslovenos. Os EUA mereciam ter ganho aquele jogo.
Legal também que a própria imprensa americana pegou o espírito da coisa. O New York Post saiu como a manchete “Crime! Referee robs Team USA of Cup Win”. Tem coisa mais futebol que uma manchete como essa?
Me alegra também saber que o futebol começa a ser adorado por um país que até algum tempo atrás – e ainda hoje – se acha no centro do universo e que tudo o que vinha de fora era ruim e desprezado. Onde diversão era apenas ver rebatedores com um taco na mão jogarem a bola para fora do estádio ou as enterradas do Jordan.
Um amigo que esteve nos EUA no período pré-copa confirmou. Os caras estão mesmo se interessando pelos jogos, pelo campeonato. Tá certo que o futebol talvez nunca chegue a ser o preferido dos yankees, mas lá, tal como cá desde sempre, o esporte bretão está caindo no gosto do povão.
Torço de verdade que o soccer americano seja tão competitivo quanto o dos países de tradição no futebol.

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